Ao contrário do que vocês estão habituados, a playlist dessa aula não seguirá igual à seleção de vídeos utilizados para montar a aula. Algumas obras nem estão na aula, mas estarão aqui na playlist. O intuito é colocar vocês em contato com a obra dela. Uma obra poderosa, que está saindo do silêncio de mais de um século e meio...
FANNY MENDELSSOHN - UMA PLAYLIST
Fanny Mendelssohn Hensel foi uma compositora de talento extraordinário, cuja obra, por muito tempo ofuscada pelas convenções sociais de sua época e pela fama de seu irmão Felix, vem sendo redescoberta e celebrada. Mergulhar nessas composições é uma experiência reveladora
Vamos começar com o Notturno, interpretado por Isata Kanneh-Mason: uma peça que encanta pela sua delicadeza e expressividade. A pianista britânica consegue extrair as nuances líricas e os momentos de turbulência contida que caracterizam a obra. Ela demonstra familiaridade com a peça. A inclusão desta obra em seu álbum dedicado aos Mendelssohn contribui significativamente para que Fanny receba o reconhecimento que merece, colocando-a lado a lado com seu irmão.
A cantata Hiob (Jó), sob a regência de David Temple com os Mozart Players, é uma obra dramática baseada nas palavras do Antigo Testamento. Embora alguns a considerem um tanto concisa, ela revela a capacidade de Fanny em lidar com a música coral e orquestral. A interpretação é de grande expressividade. Esta gravação, parte de um projeto que celebra as obras corais dos irmãos Mendelssohn, é um marco na redescoberta da produção coral de Fanny, que por vezes é menos explorada que suas peças para piano e Canções.
Para o Trio com Piano opus 11, escolhi a vibrante interpretação de membros do Kaleidoscope Chamber Collective, um conjunto jovem extraordinário. Tom Poster ao piano, Elena Urioste no violino e Laura van der Heijden no violoncelo conferem à obra paixão, uma performance cheia de vitalidade. Tom Poster, em particular, demonstra um pianismo que se alinha perfeitamente com o vigor da composição de Fanny. Este Trio, que foi uma das últimas grandes obras de Fanny, ganha aqui uma nova vida. Esses artistas se dedicam a trazer à tona repertórios menos conhecidos, senpre surpresas maravilhosas.
Em Schwanenlied (A Canção do Cisne), a voz calorosa do barítono Benjamin Appl encontra o acompanhamento sensível de James Baillieu ao piano. juntos, criam uma atmosfera de melancolia e beleza. A melodia flui suavemente, e a interpretação de Appl captura a essência poética desse Lied (Canção). Delicadeza e profundidade, aqui, andam juntas.
A Sonata-Fantasia para violoncelo e piano vem com Johannes Moser (violoncelo) e Alasdair Beatson (piano). Uma obra que revela a intensidade da música de câmara de Fanny. A gravação faz parte do álbum que reúne as obras para violoncelo e piano de Felix e Fanny, sendo crucial para destacar a qualidade da música de câmara de Fanny, que muitas vezes é injustamente ofuscada pela de seu irmão.
A Sonata de Páscoa foi, pr muito tempo, erroneamente atribuída a Felix Mendelssohn; mas pesquisas recentes confirmaram a autoria de Fanny. Aqui interpretada por Gaia Sokoli, foi a primeira a vez que foi lançada aompúblico sob o nome de Fanny, o que a torna um marco na redescoberta da compositora. Sokoli entrega sentimento e brilho, revelando a genialidade desta obra-prima romântica para piano. O papel de Gaia Sokoli nesta gravação é fundamental, não apenas por sua interpretação, mas por sua contribuição direta para corrigir uma injustiça histórica e trazer esta magnífica sonata ao seu devido lugar no cânone de Fanny.
O Quarteto de Cordas é uma obra de notável força emocional. A interpretação do Quarteto Ébène é cheia de vigor e engajamento, capturando a sonoridade por vezes sombria e a riqueza harmônica da composição de Fanny.
Finalmente, Das Jahr (O Ano), ciclo de peças para piano que representa uma jornada musical através dos meses do ano. Muito antes de Tchaikovsky conceber as famosas Estações! A interpretação Sophia Weidemann é maravilhosa, revelando a riqueza de cores, a profundidade e a emoção presentes em cada peça.